Coringa: Delírio a Dois (por Rodrigo Coli)

Rodrigo Coli

Imersas na arte, as máscaras surgem maquiando a realidade como um improviso, espetacularizando um transtorno psicótico coletivo a fim de nos entreter com CORINGA: DELÍRIO A DOIS.

Todd Phillips, diretor do longa, apresenta-nos uma corajosa e ousada metanarrativa que, não só acompanhamos Arthur Fleck, mas estamos dentro de sua mente, seus anseios e do seu coração.

Lee Quinzel, representando a idolatria do público com o Coringa, torna-se uma sátira que torce pelo vilão e quer ver ele destruindo tudo, asfixiando a cidade com suas mãos.

Sempre envolto de músicas e danças, o desenvolvimento de Arthur Fleck aqui é usado como terapia, utilizando-se de peças musicais para desconstruir a imagem do protagonista, enaltecendo um anti-Coringa, evidenciando que nós, o público, estamos em um grande teatro onde nos tornamos entretenimento para a indústria cinematográfica.

Refém da mídia, Arthur está enclausurado pelo o que sempre buscou, forçado a sempre ser um personagem para ter sua relevância, pois ninguém quer acompanhar a vida de um homem qualquer que busca amor e atenção de uma sociedade adoecida e sem esperança.

Procurando as câmeras e os holofotes, faz do mundo o seu palco. Prisioneiro de sua própria sombra, almeja popularidade dos cidadãos de Gotham que o valida e o aplaude, pois assim se vê representada por alguém que espelha a si mesmos.

Uma sociedade que preza pelo caos e pelo espetáculo, vangloria personagens e não o ser humano, pensando que está no controle sem perceber que está sendo controlada, sem se questionar: quem controla a ideia quando não é o criador?

Sem mais fantasia, joga em nossas caras a realidade, e ela, por ser tão surreal, torna-se onírica aos olhos dos desavisados que, na expectativa de consumir o que imagina, frustra em ver o que a vida é: uma sequência de sofrimento e insatisfação.

Uma continuação que não deveria existir, um ritmo manco próximo do final, uma ideia sem um corpo a se vestir, contaminando outros pela marginal. Uma carta de muitas faces, é o que o precisa ser, uma solução, uma piada afiada que o abrace, desvendando o Coringa da imprevisão.

Título original: Joker: Folie À Deux (2024)
Longa-metragem Estadunidense
Classificação Indicativa: 16 anos
Duração: 138min
Gênero: Musical, Drama
Direção: Todd Phillips
Roteiro: Todd Phillips, Scott Silver
Elenco Principal: Joaquim Phoenix, Lady Gaga

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