Inverno em Paris (Le Lycéen AKA Winter Boy, 2022), longa-metragem dramático francês, distribuído pela Pandora Filmes, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 10 de outubro de 2024, com classificação indicativa 18 anos e 122 minutos de duração.
Dirigido por Christophe Honoré, navega pelas águas turbulentas do amadurecimento e do luto. A narrativa segue Lucas, interpretado por Paul Kircher, um adolescente que enfrenta a perda repentina de seu pai. O filme explora temas de identidade, sexualidade e a busca pela autoaceitação em um mundo que parece constantemente em desacordo com o protagonista. Honoré, conhecido por sua abordagem poética ao cinema, tenta aqui ultrapassar os clichês comuns do tema “chegada da maturidade”, mas nem sempre consegue evitar certos estereótipos e simplificações narrativas.
Embora ofereça momentos de beleza e introspecção, há uma tendência à mercantilização da experiência do luto, tratando-a de maneira quase acadêmica e despersonalizada. A performance de Kircher deve ser elogiada por sua entrega, mas o roteiro não oferece a ele a complexidade que seu personagem merece, resultando em uma representação que carece de profundidade psicológica. A jornada de Lucas é marcada por interações que definem seu caminho, mas o filme opta por uma progressão linear que não reflete a complexidade do luto ou da adolescência.
A música, embora às vezes excessiva, ajuda a estabelecer o tom emocional do filme. No entanto, a voz em off constante e explicativa pode ser vista por alguns como uma tentativa de compensar deficiências narrativas, o que pode distrair o público de ter uma experiência com maior imersão.
Em resumo, “Inverno em Paris”, apesar de seus defeitos estruturais e uma execução que deixa a desejar, consegue capturar a essência de seu tema, propondo um caminho que é, em última análise, transitável e que oferece vislumbres de esperança na jornada de um adolescente através do luto e da autodescoberta.
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