Todo Tempo Que Temos (por Peter P. Douglas)

            Todo Tempo Que Temos (We Live in Time, 2024), longa-metragem dramático francês, distribuído pela Imagem Filmes, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 31 de outubro de 2024, com classificação indicativa 14 anos e 107 minutos de duração.

            Navega pelas complexidades do amor e da perda com uma sensibilidade que oscila entre o humor e o drama. Dirigido por John Crowley e com roteiro de Nick Payne, apresenta uma narrativa não-linear que reflete a natureza fragmentada e seletiva da memória humana.

            Florence Pugh e Andrew Garfield entregam performances magnéticas como Almut e Tobias, respectivamente, cuja química faz com que realmente pareçam um casal real, cena após cena. A história segue Almut, uma chef de cozinha de espírito livre, e Tobias, um homem tentando reconstruir sua vida após um divórcio, enquanto eles navegam pelas alegrias e desafios de um relacionamento real e imperfeito.

            Ao explorar temas como redenção e perdão, a trama leva o público por uma montanha-russa emocional que é ao mesmo tempo cativante e perturbadora. A decisão de não seguir uma ordem cronológica pode ser confusa para alguns, mas serve como um lembrete poderoso de como o tempo e a memória podem distorcer a realidade.

            A performance da dupla central é muito boa, não a título de premiação, mas em comparação a diversos outros títulos do mesmo gênero. Nota-se autenticidade tanto para a personagem Almut, quanto para o personagem Tobias, cujo qual Garfield oferece uma vulnerabilidade charmosa que complementa perfeitamente sua co-estrela.

            No entanto, como tudo na vida, o filme não poderia deixar de ter seus momentos conflituosos. Em algumas cenas, a tentativa de equilibrar o drama com o humor parece forçado, e a comédia dramática pode não cair muito bem com todos os espectadores. Além disso, a narrativa fragmentada, embora intencional, pode deixar o público desejando uma experiência mais coesa. O filme tenta transparecer uma dose extra de otimismo perante a situação trágica que não pode ser evitada, o que para muitos, irá parecer um pouco deslocado diante dos temas pesados abordados. Mas se considerarmos objetivamente, o longa retrata a doença e a perda de uma maneira que é tanto respeitosa quanto realista, um feito que muitos filmes lutam para alcançar.

            A trilha sonora complementa bem a narrativa, sem se sobrepor, o que é ótimo, exceto nas cenas em que ela realmente deveria aumentar o tom e não o faz, mas como é algo que ocorre poucas vezes, não se torna tão perceptível a ponto de incomodar.

            Em resumo, “Todo Tempo que Temos” desafia o espectador a refletir sobre a natureza efêmera do tempo e a importância de viver cada momento ao máximo. Apesar de suas imperfeições, é um filme que ri da dor e celebra a vida, oferecendo uma experiência que é tão amarga quanto doce. Preparem seus lenços!

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