Festival Artes Vertentes anuncia programação musical da 13ª edição

Realizado anualmente em Tiradentes (MG), o Festival Artes Vertentes, considerado um dos eventos mais importantes do país na promoção das artes de forma integradas, será realizado entre os dias 19 e 29 de setembro. A programação musical conta com diversas atrações nacionais e internacionais

Reconhecido como um dos mais importantes festivais de artes integradas do país, o Festival Artes Vertentes – Festival Internacional de Artes de Tiradentes, anuncia a programação musical da décima terceira edição, que será realizada entre os dias 19 e 29 de setembro na cidade histórica. A programação reúne concertos, exposições, exibições, bate-papos, residências artísticas, oficinas, além de uma série de atividades voltadas para a promoção das artes e do conhecimento de forma integradas.

A programação musical inclui a participação de dezenas de musicistas, vindos de diversas partes do mundo, que irão se dedicar à tarefa de refletir sobre o tema proposto para esta edição por meio de trabalhos únicos, propostos pela curadoria especialmente para o festival, possibilitando a geração de momentos únicos de fruição artística e apreciação de obras compostas por referências mundiais na música, interpretadas por artistas que são referências em suas áreas de atuação.

Entre os destaques nacionais desta edição estão:  Cátia de FrançaMetá Metá(Juçara MarçalKiko Dinucci e Thiago França), Cristian Budu Gustavo Carvalho, e Manuela Freua. Entre os destaques internacionais, o violoncelista Guillaume Martigné(França), que vem pela primeira vez ao Brasil, clarinetista Thorsten Johanns(Alemanha), a violinista Sofia Leandro(Portugal), o pianista Ryutaro Suzuki(Japão), que também participa pela primeira vez, o pianista Jacob Katsnelson(Rússia), o violinista Ara Harutyunyan(Armênia),a violinista Dárya Filippenko (Bielorússia), e o fagotista Adolfo Caberizo(Espanha).

A curadoria do Festival Artes Vertentes é assinada pelo pianista e pesquisador Gustavo Carvalho e a ideia central foi selecionar artistas com reconhecida trajetória em suas áreas de atuação, além de abertura para diálogo e experimentações com outras áreas, como literatura, artes visuais e o cinema. “Nossa intenção foi promover uma programação que se destacasse pela diversidade de gêneros, olhares e culturas em torno da temática estabelecida para o ano”, destaca o curador.  

A ideia da curadoria foi descentralizar as ações desta edição, levando parte da programação para municípios localizados no entorno de Tiradentes, como São João Del Rei e Bichinho. Outro ponto que merece atenção é o volume de obras assinadas por mulheres, produzidas em diferentes épocas e estilos, mesclando o erudito e o popular, uma das premissas do festival. Entre as compositoras destacadas nesta edição, estão: Rebecca Clark, Tia Amélia, Chiquinha Gonzaga e Clara Schumann.

Programação

A programação musical do 13º Festival Artes Vertentes terá início no dia 19 de setembro, às 21h, no Largo de Sant’Ana, com a realização do concerto “No rastro de Catarina”, com a cantora, compositora, instrumentista, escritora, sonoplasta e diretora musical, Cátia de França. O repertório contempla as canções que fazem parte do quinto disco de estúdio da paraibana, que possui uma vasta trajetória musical pautada pela evolução de ritmos, experimentações e parcerias com artistas como Zé Ramalho, Dominguinhos, Sivuca, Lulu Santos, Chico César, Elba Ramalho e Bezerra da Silva.

No dia 20 de setembro, às 17h, o violoncelista francês Guillaume Martigné se apresenta na Igreja Nossa Senhora da Penha de França, no distrito de Bichinho. No repertório do concerto fratuito, obras de Johann Sebastian Bach, Gaspar Cassadó e Gilberto Paganini.

No dia 21 de setembro, às 16h, no Centro Cultural da UFSJ, em São João Del Rei,  o concerto “Falta de ar” reúne a poeta e escritora franco-alemã de origem russa, Marina Skalova, que fará leituras de trechos de seu livro homônimo, acompanhada pela portuguesa Sofia Leandro (violino) e brasileiro Bruno Santos (percussão), que juntos, irão interpretar obras de Padellaro, Alvarez, Nascimento e Crowl. O encontro materializa a proposta do festival, que é de promover as artes de forma integrada, possibilitando a criação de uma obra única, transformando a cidade de Tiradentes e região numa plataforma de encontro de artistas de várias regiões do mundo. Os musicistas foram desafiados a criar um programa musical a partir do livro que a escritora russa irá lançar no festival. A escolha evidenciou compositores da América Latina, reunindo peças assinadas por mexicanos e brasileiros. Entre as execuções deste concerto, destaque para a peça de Crowl, criada em homenagem à Marielle Franco. “Esta é também uma homenagem que o Festival Artes Vertentes faz para esta figura tão importante, símbolo de luta pela alteridade no Brasil”, destaca o curador Gustavo Carvalho.

 Às 20h, Igreja São João Evangelista, em Tiradentes, recebe o concerto Schubertiade Ernestiana I, com obras de Schubert e Lobo. O concerto faz parte de uma tradição musical que teve início em Viena no século passado, onde amigos se reuniam para criar música juntos, dentro de um ambiente intimista e acolhedor. Ao desenvolver a série, a curadoria pretende jogar luz à figura de Schubert, que foi muito marginalizado durante o período em que viveu em Viena, e também de Ernesto Nazareth, que atravessa com maestria as fronteiras entre a música erudita e popular, e que também foi vítima de diversos preconceitos no meio em razão disso. Participam do concerto, os musicistas: Neto Bellotto (contrabaixo), Ryutaro Suzuki (piano), Jacob Katsnelson (piano) e Gustavo Carvalho (piano).

No dia 22 de setembro, a programação musical começa ao meio-dia. O público terá a oportunidade de conferir, na Igreja São João Evangelista, o concerto Ludus tonalis, reunindo obras de Bach, Hindemith, Beethoven e Mozart. O nome do concerto inclusive vem de uma das obras de Hindemith para piano, considerado um compositor que revolucionou o pensamento musical no século XX. Curiosamente ele ainda é pouco conhecido no Brasil e este concerto irá contribuir para popularizar suas obras. As peças serão executadas por Fábio Ogata (trompa), Ara Harutyunyan (violino), Dárya Filippenko (viola), Guillaume Martigné (cello), Jacob Katsnelson (piano) e Ryutaro Suzuki (piano). Às 17h, o concerto Ao pôr do sol, irá ocorrer ao ar livre, no Largo de Sant’Ana, apresenta obras de Rebecca Clarke, Schubert, Schnittke, interpretadas por Thorsten Johanns (clarineta), Adolfo Cabrerizo (fagote), Fábio Ogata (trompa), Ara Harutyunyan (violino), Sofia Leandro (violino), Dárya Filippenko (viola), Guillaume Martigné (cello) e Neto Bellotto (contrabaixo). O terceiro concerto do domingo está marcado para às 20h30, no Jardim do Museu Padre Toledo.  O concerto Fragmentos kafkianos, celebra o repertório de Kurtág, um compositor húngaro(ainda vivo), com a participação de Manuela Freua (soprano) e Sofia Leandro (violino). A apresentação é uma homenagem à efeméride de Kafka, que se estende por 2024, bem como os impulsos trazidos por meio de sua obra, evocando reflexões acerca da alteridade.

A programação do dia 23 inclui a realização de dois concertos. O primeiro deles, Schubertiade Ernestiana II, será no formato didático, e receberá alunos das escolas de Tiradentes. A atividade está marcada para às 16h e reúne peças de Schubert, ao lado de brasileiros, como Ernesto Nazareth, Radamés Gnatalli, Tia Amélia, Chiquinha Gonzaga, Henrique Alves de Mesquita e  Francisco Mignone, interpretadas por Cristian Budu (piano) e Gustavo Carvalho (piano). A apresentação é gratuita, aberta a todos os interessados e será realizada na Igreja São João Evangelista. O segundo concerto do dia, A flor da pele, dá continuidade ao diálogo entre a erudito e o popular e irá retratar a música de diversos compositores que foram perseguidos e tiveram suas composições proibidas por diversas ditaduras ao redor do mundo. Um dos destaques será a execução da obra “Venham mais cinco”, de Amilcar Vasques Dias, que faz uma alusão à Revolução dos Cravos, realizada em Portugal, em 1974. A apresentação está prevista para começar às 19h, também na Igreja São João Evangelista. No repertório, obras de Messiaen, Guarany, Nascimento, Gál, Berg, Vasques Dias, Taiguara, Buarque. A execução ficará por conta de Manuela Freua (soprano), Thorsten Johanns (clarineta), Ara Harutyunyan (violino), Sofia Leandro (violino), Guillaume Martigné (cello), Jacob Katsnelson (piano), Gustavo Carvalho (piano) e Bruno Santos (percussão).

No dia 24 de setembro, às 19h, o concerto A alguns centímetros do chão: Hommage à Robert Schumann, apresenta uma coletânea de obras de R. Schumann, Clara Schumann e Kurtág. Robert Schumann é um nome incontestável quando se pensa em alteridade, estabelecendo uma conexão muito próxima com a literatura e a escrita. Ele foi fundador, em 1834, do Neue Zeitschrift für Musik, um dos primeiros jornais da Alemanha dedicado à promoção da música.   O concerto ainda considera peças assinadas por Kurtág, em homenagem a Robert, além de composições de Clara Schumann, esposa do homenageado. As peças serão executadas por Thorsten Johanns (clarineta), Dárya Filippenko (viola), Guillaume Martigné (cello) e Gustavo Carvalho (piano). A apresentação será na Igreja São João Evangelista.

No dia 25 de setembro, às 20h, o Festival Artes Vertentes recebe um dos grandes destaques desta edição: um solo com o pianista japonês Ryutaro Suzuki, presença inédita no festival. Ele irá interpretar obras de Chopin e S. Rachmaninov, dois compositores que possuem uma relação muito forte com o exílio. As baladas de Chopin estabelecem uma conexão estreita com a Polônia do século XIX, durante o período em que Chopin emigrou para a França, embora fazia questão de acompanhar todas as movimentações políticas da sua terra natal. Já Rachmaninov, fugiu para os Estados Unidos no período da Revolução de 1917, e passa toda a sua vida nutrindo um certo saudosismo pela sua pátria. A apresentação será realizada na Igreja São João Evangelista.

No dia 26 de setembro, às 19h, na Igreja São João Evangelista o concerto Schubertiade Ernestiana III reúne os músicos Jesús Reina (violino), Ryutaro Suzuki (piano), Jacob Katsnelson (piano) e Gustavo Carvalho (piano), na interpretação de obras assinadas por Schubert, Nazareth, Otaka, Rachmaninov e Ginastera. Na sequência, às 21h, o Largo de Sant’Ana, recebe uma apresentação gratuita de Metá Metá, reunindo o trio formado pelos virtuoses Juçara MarçalKiko Dinucci e Thiago França. O trio une elementos do jazz e rock, da música brasileira e africana, com sonoridades e ritmos únicos, entrelaçados pelos encontros de diversas culturas. Nas letras, e no próprio nome do grupo, fazem diversas referências ao Iorubá, idioma falado em países africanos e no Brasil, especialmente em ritos religiosos afro-brasileiros. Por meio da costura delicada de elementos culturais distintos, o Metá Metá constrói um som rico e animado, promovendo diálogos entre a música brasileira e os ritmos africanos.

No dia 27 de setembro, o concerto Notas do cárcere, reúne um repertório assinado por compositores que foram presos durante os períodos de ditadura. No repertório, composições assinadas por Bach, Beethoven, Schubert, Erik Satie, Chiquinha Gonzaga e Freitas. Na maioria das vezes, as prisões ocorreram por motivos banais. Na outras porque a população considerava suas obras intolerável, como é o caso de Chiquinha Gonzaga, presa em razão de uma polca de sua autoria que fazia uma sátira da Marinha Brasileira. O concerto dialoga com as permissões do erudito e popular e está marcado para começar às 18h, na Igreja São João Evangelista. Os musicistas convidados são: Dárya Filippenko (viola), Jacob Katsnelson (piano), Hercules Gomes (piano) e Gustavo Carvalho (piano).

No dia 28 de setembro, penúltimo dia de festival, a atração é o concerto Após um sonho, reunindo obras de Haydn, Fauré, Piazzolla e Shostakovich. A ideia foi estabelecer por meio desta programação uma conexão entre o universo do sonho e as suas relações com a alteridade.  As obras selecionadas são ligadas ao período noturno, evocando o clima de adormecimento. A apresentação será na Igreja São João Evangelista, a partir das 20h30 e participam os musicistas: Jesús Reina (violino), Dárya Filippenko (viola), Jacob Katsnelson (piano), e Gustavo Carvalho (piano).

No dia 29, a programação musical terá início ao meio-dia, em São João Del Rei, com uma apresentação do músico Hércules Gomes, integrando a série Artes Vertentes solo. O pianista se apresenta no Solar da Baronesa, com entrada franca. No repertório, ele irá apresentar uma série de composições autorais, além de obras assinadas por nomes que integram a sua trajetória na música, apresentando toda a riqueza do pianismo brasileiro por meio de um dos representantes mais celebrados na atualidade. Às 20h, a Igreja São João Evangelista recebe o concerto O círculo mágico, com obras de Enescu, Milhaud, Dukas e Falla. Trata-se de um concerto com caráter festivo, que explora uma reflexão sobre o encontro com o incompreensível, resumindo a experiência vivida pelo público e pelos artistas ao longo da programação.  Para esta missão, foram escalados: Jesús Reina (violino), Dárya Filippenko (viola), Jacob Katsnelson (piano), e Gustavo Carvalho (piano).

Mais informações no site www.artesvertentes.com

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