Assexybilidade (por Casal Doug Kelly)

(Devemos tornar acessível todas as formas de se amar)

            Assexybilidade (2023), longa-metragem documental nacional, distribuído pela Olhar Filmes, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 19 de setembro de 2024, com classificação indicativa 16 anos e 87 minutos de duração.

            Documentário provocativo e necessário, dirigido por Daniel Gonçalves, que explora as histórias de pessoas com deficiência em relação à sexualidade e pluralidade de experiências. O filme mergulha em conversas íntimas que vão desde flertes e beijos até relações sexuais, desafiando o tabu do sexo e a invisibilidade frequentemente imposta à comunidade de pessoas com deficiência.

            A narrativa é construída através de depoimentos poderosos que furam a bolha do silêncio, trazendo à luz discussões raramente ouvidas na sociedade. Um exemplo marcante é o relato de uma mulher que compartilha sua experiência de nunca ter sido instruída sobre sua sexualidade, nem mesmo ter ido ao ginecologista até os 40 anos. Essas histórias são apresentadas com uma força impressionante, desencadeando uma reflexão profunda sobre as barreiras enfrentadas pela comunidade PCD (Pessoas com Deficiência) e a necessidade de uma representação mais inclusiva e diversificada.

            No entanto, o documentário pode ser considerado como seguro demais e pouco inovador. Enquanto os depoimentos são fortes e necessários, a execução do filme pode ser vista como simplista, não se arriscando em termos de estilo cinematográfico ou narrativo. Sugerindo que, embora o tema seja de extrema importância, o tratamento dado a ele poderia ter sido mais ousado e criativo, potencialmente ampliando seu impacto e alcance.

            Apesar dessa crítica, o longa merece atenção pelo que revela e pelas conversas que incita. Ele aponta caminhos para um cinema PCD possível, onde as vozes das pessoas com deficiência são ouvidas e valorizadas. O documentário é um passo significativo na desconstrução de preconceitos e visões capacitistas sobre a sexualidade de pessoas com deficiência, e por isso, é uma contribuição valiosa para a sociedade como um todo.

            Em resumo, “Assexybilidade” é um documentário que, apesar de algumas limitações em sua forma, brilha em seu conteúdo. Ele convida o público a confrontar suas próprias noções preconcebidas e a participar de um diálogo mais amplo sobre inclusão, sexualidade e humanidade.

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