A Última Caçada (por Peter P. Douglas)

            A Última Caçada (The Last Manhunt, 2022), longa-metragem estadunidense de western, com classificação indicativa 14 anos e 103 minutos de duração, tenta se equilibrar entre a homenagem e a reinvenção de uma narrativa do Velho Oeste, mas acaba tropeçando em sua própria ambição.

            A premissa, baseada em eventos reais da tribo Chemehuevi da Califórnia, promete uma história de amor trágico e perseguição implacável, reminiscente de um Romeu e Julieta indígena. No entanto, o filme, roteirizado por Jason Momoa, não consegue capturar a essência dessa promessa. A direção de Christian Camargo é competente em retratar a desolação do deserto, mas essa mesma desolação permeia o ritmo do filme, resultando em uma experiência que muitos podem achar monótona.

            A narrativa segue Willie Boy, um corredor de longa distância da tribo, e sua prima Carlotta, cujo amor é proibido pelo pai dela, o chefe da tribo. A tragédia se desenrola quando eles decidem fugir, desencadeando uma caçada humana que deveria ser o coração pulsante do filme. Infelizmente, a execução falha em transmitir a urgência e o desespero dessa perseguição, deixando o espectador pouco aberto para qualquer sentimento de tensão. Além disso, o filme se desvia do foco no casal para se concentrar nos perseguidores, que são, ironicamente, menos interessantes que os protagonistas.

            O elenco, liderado por Martin Sensmeier e Mainei Kinimaka, faz o possível com o material que têm, mas os personagens são escritos de forma tão unidimensional que é difícil para o público se conectar com eles. Zahn McClarnon, como o pai de Carlotta, é uma presença marcante, mas seu personagem é subutilizado. A cinematografia captura a beleza austera do deserto, mas não é suficiente para compensar a falta de substância na história e no desenvolvimento dos personagens.

            Em termos de produção, apresenta qualidades técnicas sólidas, com uma trilha sonora que tenta elevar a narrativa, mas que muitas vezes parece deslocada, não conseguindo harmonizar com o tom do filme. A edição poderia ser mais apertada para ajudar no ritmo lento, e algumas escolhas de design de produção, embora autênticas, não adicionam muito à imersão do espectador na história.

            No final das contas, “A Última Caçada” é um filme que tinha potencial para ser uma poderosa peça de cinema, mas que se perde em sua execução. Para aqueles interessados em histórias do Velho Oeste e na representação de culturas indígenas, pode valer a pena assistir, mas vá com expectativas moderadas. É um lembrete de que uma boa história precisa de mais do que uma premissa interessante, precisa de paixão e precisão na sua execução para realmente atingir o público.

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