Placa-Mãe (por Casal Doug Kelly)

(Adotar é considerado um ato de humanidade, mas e se envolver uma androide?)

            Placa-Mãe (2022), longa-metragem nacional de animação, distribuído pela O2 Play, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 03 de outubro de 2024, com classificação indicativa Livre e 105 minutos de duração.

            Com direção e roteiro do mineiro Igor Bastos, a obra se destaca por sua abordagem inovadora e emocionante de questões sociais e tecnológicas. É uma narrativa que mistura ficção científica com temas atuais, como a adoção, a inteligência artificial e a luta contra o preconceito.

            A trama acompanha a história de uma androide chamada Nadi, que, após receber cidadania, adota um casal de crianças humanas – David e Lina – que vivem em um orfanato. O que poderia ser um simples ato de amor, ganha repercussão, tanto positiva quanto negativa, principalmente por causa do influenciador e deputado Assif que, em busca de popularidade, provoca uma série de desafios para todos os envolvidos.

            Os aspectos positivos do filme incluem a construção de personagens magnéticos, como a própria Nadi, cuja busca pessoal por identidade e aceitação provoca empatia no público. As crianças, David e Lina, representam o yin-yang das experiências infantis, trazendo à tona as fragilidades e resiliências de quem cresce em um mundo desafiador. A animação também traz uma boa carga de humor, com personagens secundários que proporcionam alívio cômico eficaz, utilizando de forma inteligente metáforas que enriquecem a trama sem torná-la confusa.

            Em termos de animação e design, o filme deve ser aplaudido por seu estilo visual distinto e por sua qualidade. A paleta de cores vibrantes e o design de personagens contribuem para uma experiência visual enriquecedora.

            No entanto, existem alguns pontos não tão positivos, que, merecem ser mencionados, pois, apesar da importância do tema, a execução da narrativa em alguns momentos pode parecer forçada, com uma tendência a simplificar questões complexas. Por diversas vezes, a animação prossegue com um ritmo irregular, se arrastando em momentos que não contribuem para o enriquecimento dos personagens. Algo que pode ser visto como se servisse apenas para prolongar sua duração. Ademais, poderia ter explorado mais o seu “mineirismo”, incorporando ainda mais elementos culturais e folclóricos de Minas Gerais, para adicionar uma camada extra de charme.

            Em resumo, “Placa-Mãe” é uma obra que demonstra o potencial e a evolução do cinema de animação no Brasil, oferecendo uma experiência que é tanto divertida quanto significativa. Apesar de algumas oportunidades perdidas em termos de exploração cultural e refinamento narrativo, o filme é um passo importante para a indústria e um exemplo de como a animação pode ser uma plataforma poderosa para discutir temas relevantes e atuais.

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