13 Sentimentos (por Peter P. Douglas)

            13 Sentimentos (2023), longa-metragem brasileiro de comédia romântica, distribuído pela Vitrine Filmes, estreia, oficialmente, nos cinemas, no dia 13 de junho de 2024, com classificação indicativa 16 anos e 100 minutos de duração.

            É uma narrativa que desafia as convenções da comédia romântica ao imergir o espectador na jornada de autodescoberta e amadurecimento de João, interpretado com uma mistura de vulnerabilidade e carisma por Artur Volpi. O filme, dirigido pelo aclamado cineasta paulista Daniel Ribeiro, conhecido por seu trabalho anterior “Hoje eu quero voltar sozinho” (2014), explora a complexidade das relações humanas através do prisma da experiência LGBTQIAPN+ na contemporaneidade urbana de São Paulo.

            A trama se desenrola com João enfrentando o fim de um relacionamento de longa data (10 anos), enquanto tenta se reencontrar tanto no amor quanto na carreira, oscilando entre o mundo do cinema e a produção de conteúdo para plataformas online. O cubo mágico, um objeto deixado pelo ex-parceiro de João, simboliza perfeitamente o estado de confusão e busca por respostas que permeia sua vida pós-término. Este elemento, embora sutil, é uma metáfora poderosa para a complexidade das emoções humanas e a dificuldade de encaixar as peças da vida quando elas parecem estar em constante movimento.

            O diretor, ao escolher o gênero da comédia romântica, oferece um respiro necessário à cinematografia LGBTQIAPN+, frequentemente marcada por tramas melancólicas e finais trágicos. A presente obra é um filme solar, que irradia otimismo e bom humor, características que Ribeiro maneja com habilidade. O elenco, liderado por Volpi, entrega atuações que capturam a essência das convenções do gênero, mantendo uma naturalidade que fortalece a representatividade na tela.

            O filme não se esquiva de abordar questões cotidianas relevantes, como a precariedade financeira e as incertezas profissionais, mas o faz com uma leveza que não diminui a importância desses temas. Ao contrário, consegue equilibrar o peso da realidade com a esperança e a leveza, criando uma experiência cinematográfica que é tanto reflexiva quanto divertida.

            A direção de Daniel Ribeiro é segura e intencional, guiando o público através de uma São Paulo vibrante e diversificada, que serve como pano de fundo para as aventuras e desventuras amorosas de João. A direção de fotografia de Pablo Escajedo é uma celebração da cidade, capturando sua energia e dinamismo, enquanto a trilha sonora complementa a narrativa com uma seleção de músicas que ressoam com a jornada emocional dos personagens.

            Em termos de representatividade, é um marco importante. Ele apresenta personagens LGBTQIAPN+ que são jovens, conectados e sexualmente abertos, vivendo suas vidas com uma normalidade que raramente é vista em filmes do gênero. Essa representação positiva e atualizada é crucial para a visibilidade e para o avanço da inclusão no cinema nacional.

            No entanto, apesar de suas muitas qualidades, o filme não está isento de críticas. Ao abraçar tão firmemente as convenções da comédia romântica, o filme perde a oportunidade de explorar mais profundamente as nuances e complexidades das experiências LGBTQIAPN+. A narrativa, embora envolvente, às vezes corre o risco de se tornar previsível, seguindo um caminho já bem trilhado por seus predecessores no gênero.

            Em suma, “13 Sentimentos” é uma adição valiosa e necessária ao cinema brasileiro, oferecendo uma perspectiva fresca e otimista sobre temas que são frequentemente tratados com seriedade excessiva. O filme celebra a diversidade e a alegria de viver, enquanto também reconhece os desafios enfrentados pela comunidade LGBTQIAPN+. É uma obra que, com certeza, irá ressoar com muitos espectadores, não apenas pela sua qualidade cinematográfica, mas também pelo seu significado cultural e social.

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