Tudo o Que Você Podia Ser (2023), documentário brasileiro, distribuído pela Vitrine Filmes, estreia, oficialmente, nos cinemas, no dia 20 de junho de 2024, com classificação indicativa 16 anos e 83 minutos de duração.
Trata-se de um documentário de ficção que transcende as fronteiras do cinema convencional para explorar a essência da amizade e da identidade. Dirigido por Ricardo Alves Jr., acompanharemos Aisha em seu último dia em Belo Horizonte/MG, antes de partir para uma nova jornada. A narrativa se desenrola através de encontros significativos com suas melhores amigas, Bramma, Igui e Will, e é pontuada por momentos de riso, lágrimas e confissões íntimas. O diretor habilmente borra as linhas entre realidade e ficção, criando um retrato autêntico que celebra a liberdade queer em sua forma mais plena.
É cristalino que a câmera conduzida por Ricardo Alves Jr. opera não apenas como um dispositivo de registro, mas como uma janela para a alma dos personagens, permitindo que o público navegue nas profundezas de suas emoções.
A atuação é um dos pontos altos, com Aisha Brunno entregando uma performance que é ao mesmo tempo sutil e convincente. Bramma Bremmer, Igui Leal e Will Soares complementam o elenco com atuações que são tão naturais que por vezes nos esquecemos de que estamos diante de uma obra de ficção. A química entre os atores é evidente, e isso se traduz em cenas de autenticidade.
A edição é fluida, permitindo que a história se desdobre de maneira orgânica, sem pressa, mas com um senso de urgência que mantém o público acordado. O filme também se destaca por sua representação inclusiva e sensível de personagens queer, evitando clichês e estereótipos, e oferecendo uma visão refrescante da comunidade LGBTQIA+ no Brasil.
A direção de fotografia de Ciro Thielmann é outro elemento que merece destaque. As escolhas estéticas de Ricardo Alves Jr. e sua equipe pintam cada cena com uma paleta de cores que reflete as emoções dos personagens, desde os tons quentes de um entardecer compartilhado até a frieza azulada de uma noite de incertezas. A trilha sonora, embora discreta, é eficaz em sua função de acentuar os momentos-chave da narrativa, sem jamais se sobrepor à história que está sendo contada.
O roteiro, escrito por Germano Melo, tece diálogos que são tão reais quanto poéticos, e cada fala parece carregar o peso do mundo nas entrelinhas. O filme aborda temas como amizade, identidade e pertencimento com uma delicadeza e profundidade que são raramente vistas. A mensagem do filme é clara e poderosa: é o amor e os laços que escolhemos que definem quem somos.
Em suma, “Tudo o Que Você Podia Ser” é uma celebração da vida e dos laços que escolhemos formar. É um lembrete de que a família não é apenas definida pelo sangue, mas também pelas conexões que construímos e pelo amor que compartilhamos. Com sua estreia no Festival do Rio de 2023, o filme já demonstrou seu potencial para tocar o espectador e a crítica, e certamente continuará a fazer isso à medida que alcança um público mais amplo, agora nas telonas de todo o território nacional.
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