(Quando a intolerância é desafiada pela solidariedade)
O Último Pub (The Old Oak, 2023), longa-metragem dramático, coproduzido entre Bélgica, França e Grã-Bretanha, distribuído pela Synapse Distribution, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, no dia 08 de agosto de 2024, com classificação indicativa 14 anos e 113 minutos de duração.
Uma comunidade em declínio, com emoções que oscilam entre a desolação e a esperança. O diretor Ken Loach, conhecido por seu realismo social e pensamento Marxista, apresenta a história de um vilarejo inglês que enfrenta o esquecimento após o fechamento das minas locais. A chegada de refugiados sírios, realocados pelo governo, injeta uma nova dinâmica na trama, onde preconceitos e solidariedade colidem.
O diretor desvia a atenção do ativismo inglês, que tanto utilizou em seus filmes anteriores, para focar agora nas adversidades enfrentadas pelos imigrantes. Através dos olhos e lentes da única síria entre os refugiados que fala inglês, Yara (Ebla Mari), é possível observar a recepção hostil dos moradores locais, porém existe uma exceção, TJ Ballantyne (Dave Turner), dono do antigo pub da cidade, que reflete sobre sua atuação política no passado e decide ajudar a jovem a se sentir um pouco mais em casa.
Embora pontuado por momentos de humor, o texto de Paul Laverty é uma verdadeira demonstração de seriedade, e a direção de Loach parece revelar todas as nuances dessa narrativa. Juntos, eles conferem a cada conceito apresentado uma aura de significância tão evidente quanto a primeira impressão que se tem. No entanto, é essa mesma estratégia, um esforço para guiar o público de forma incontestável, que pode comprometer as possibilidades de Loach.
Ademais, o filme em muitos momentos tem um ritmo arrastado, talvez para passar um reflexo da própria estagnação da cidade retratada. E alguns personagens secundários parecem unidimensionais, existindo apenas para avançar a trama principal, sem muito desenvolvimento próprio.
Em resumo, “O Último Pub” é um filme com muitos acertos e que deve ser assistido, mas que ao mesmo tempo, também possui falhas consideráveis, com um enredo parecendo mais interessado em influenciar do que em estabelecer uma autenticidade e criar uma ligação genuína com o público através de uma narrativa rica em personagens sólidos.
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