(Parecia que ia ser ruim, mas até que foi bom)
Hora do Massacre (Wake Up, 2024), longa-metragem canadense de terror, distribuído pela Imagem Filmes, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, no dia 18 de julho de 2024, com classificação indicativa 16 anos e 83 minutos de duração.
Emerge como um thriller psicológico que tenta transcender os limites do gênero terror, mas acaba se enredando em suas próprias ambições. O filme, dirigido pelo coletivo RKSS, apresenta uma premissa intrigante: um grupo de jovens ativistas invade uma loja de móveis para protestar contra a destruição ambiental, mas o ato se transforma em um pesadelo quando eles se deparam com um segurança psicopata. A narrativa se desenrola em um jogo de gato e rato, onde as intenções idealistas dos jovens colidem com a brutalidade desenfreada do antagonista.
O roteiro, embora criativo, tropeça em clichês e diálogos por vezes previsíveis. Os personagens, interpretados por um elenco relativamente desconhecido, são esboçados com traços superficiais, o que dificulta a empatia do público. No entanto, há momentos de genuína tensão e surpresa que mantêm o espectador atento. A fotografia e a direção de arte são competentes, criando uma atmosfera opressiva que é amplificada pela trilha sonora imersiva.
É provável que alguns espectadores enxerguem dualidades entre os ativistas e o segurança, como um reflexo das tensões sociais contemporâneas, onde o ativismo juvenil é frequentemente confrontado pelo conservadorismo. A performance de Turlough Convery como o segurança psicopata é destacada como um ponto alto do filme, trazendo uma complexidade perturbadora ao papel. Por outro lado, a representação dos ativistas pode ser considerada unidimensional e por vezes caricatural, subestimando a inteligência do público.
Em termos de produção, o longa faz um uso eficiente de seu orçamento limitado, empregando efeitos práticos que evocam uma sensação de realismo cru. A direção do RKSS é ambiciosa, e embora nem sempre bem-sucedida, demonstra uma clara visão artística. O filme deve ser apreciado também por sua abordagem à violência, que é gráfica sem ser gratuita, servindo à história em vez de apenas chocar.
Em suma, “A Hora do Massacre” é uma adição intrigante ao gênero terror, que, apesar de suas falhas, oferece uma reflexão sobre a violência, o ativismo e a sociedade. Ele não redefine o gênero, mas é uma boa pedida para quem quer ver jovens sendo assassinados com pitadas de sadismo.
Repostado em https://www.parsageeks.com.br/2024/07/critica-cinema-hora-do-massacre.html
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