Lo Que Queda En El Camino (por Peter P. Douglas)

            Lo Que Queda En El Camino (2021), longa-metragem documental, coprodução mexicana, alemã e brasileira, distribuído pela Lira Filmes, estreia, oficialmente, nos cinemas, no dia 18 de julho de 2024, com classificação indicativa livre e 94 minutos de duração.

            Documentário poderoso e comovente dirigido pelo alemão Jakob Krese e pelo brasileiro Danilo do Carmo, que narra a jornada épica de Lilian, uma mãe solo, e seus quatro filhos, enquanto deixam a Guatemala para se juntar a uma caravana de migrantes em direção aos Estados Unidos. O filme, lançado em 2021, é coproduzido entre México, Alemanha e Brasil, e oferece uma visão íntima e humanizadora das dificuldades enfrentadas por aqueles que buscam uma vida melhor.

            A narrativa do documentário é centrada na resiliência e na determinação de Lilian, que, apesar dos inúmeros desafios e perigos ao longo dos mais de 4 mil quilômetros de viagem, mantém a esperança de um futuro melhor para sua família. A direção de Krese e do Carmo é sensível e respeitosa, evitando sensacionalismos e focando na força e na coragem dos protagonistas. A cinematografia de Arne Büttner e Danilo do Carmo captura tanto a beleza quanto a dureza da jornada, proporcionando ao espectador imersão na experiência dos migrantes.

            O filme também se destaca por sua capacidade de contrastar a cobertura midiática tradicional com uma perspectiva mais pessoal e empática. Ao invés de se concentrar apenas nas estatísticas e nos aspectos políticos da migração, dá voz aos indivíduos, destacando suas histórias e suas lutas diárias. Lilian, em particular, é retratada como uma figura de resistência não apenas contra as adversidades da viagem, mas também contra os papéis de gênero tradicionais e a dominação masculina, buscando uma independência que transcende a mera chegada aos Estados Unidos.

            A montagem de Sofia Angelina Machado é outro ponto alto do documentário, equilibrando momentos de tensão e alívio, e permitindo que a narrativa flua de maneira orgânica. A trilha sonora complementa as imagens, intensificando as emoções sem jamais se tornar intrusiva. Além disso, a produção de Bruna Epiphanio e Annika Mayer garante que cada aspecto técnico do filme esteja alinhado com a visão dos diretores, resultando em uma obra coesa.

            Em resumo, “Lo Que Queda En El Camino” é um documentário essencial para quem deseja entender melhor a complexidade e a humanidade por trás das crises migratórias. Com uma abordagem cuidadosa e uma narrativa envolvente, o filme não apenas informa, mas também emociona e inspira, destacando a importância da empatia e da solidariedade em tempos de adversidade.

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