Multiverso – Realidade Paralela (por Peter P. Douglas)

(Quando o universo insiste em se corrigir)

             Multiverso – Realidade Paralela (Multiverse AKA Entangled, 2019), longa-metragem canadense dramático de suspense e ficção científica, distribuído pela A2 Filmes, com classificação indicativa 16 anos e 90 minutos de duração.

            Incursão intrigante e complexa no gênero de ficção científica que explora as possibilidades quase infinitas do multiverso. O filme, dirigido por Gaurav Seth e roteirizado por Doug Taylor e Michael MacKenzie, segue a jornada de quatro estudantes universitários brilhantes que se veem imersos em um experimento de física quântica que os leva a confrontar existências paralelas entrelaçadas.

            Os colegas Loretta, Danny, Amy e Gerry estão à beira de um avanço surpreendente na física quântica quando uma tragédia acontece. Correndo para completar o experimento, Loretta morre em um acidente de carro. Cinco meses depois, enquanto o trio luta para seguir em frente com suas vidas e o trabalho que iniciaram, Loretta retorna. Ela está cheia de energia, entusiasmo, aparentemente sem saber que está ausente há meses. Os amigos estão perdendo a cabeça coletivamente ou algo notável aconteceu? Logo, cada um deles fica cara a cara com seu personagem morto. Rivalidades profissionais e relacionamentos pessoais vêm à tona e os amigos percebem que apenas uma versão deles pode existir em nossa realidade. Uma correção violenta é necessária para manter a ordem. A premissa é ambiciosa e promete uma exploração profunda das teorias do multiverso, um tema que tem sido cada vez mais popular na cultura pop recente.

            A narrativa do filme é construída com uma estrutura linear, mas não sem uma dose de complexidade que mantém o espectador engajado em desvendar os mistérios apresentados. A direção de Seth é competente, mantendo um ritmo que equilibra o desenvolvimento da trama com momentos de tensão e suspense. No entanto, o filme às vezes peca pela superficialidade no desenvolvimento de seus personagens, o que pode impedir que o público estabeleça uma conexão mais profunda com eles. Isso é particularmente evidente na forma como o filme tenta desenvolver a empatia e a compreensão das motivações dos personagens, mas não dedica tempo suficiente para que isso seja efetivo.

            O elenco, composto por Paloma Kwiatkowski, Munro Chambers, Robert Naylor e Sandra Mae Frank, entrega atuações que são adequadas para o material, embora às vezes limitadas pelo roteiro. A química entre os atores é palpável e contribui para a imersão na história. A cinematografia e os efeitos visuais são modestos, mas eficazes em criar a atmosfera necessária para um filme que lida com conceitos tão abstratos quanto os universos paralelos.

            Um ponto forte do filme é a sua abordagem ao tema do multiverso sem se prender a quadrinhos ou universos cinematográficos já estabelecidos. Isso permite que “Multiverso – Realidade Paralela” explore o conceito de uma maneira única, oferecendo uma nova perspectiva sobre a teoria quântica e suas implicações. A trama é repleta de enigmas e mistérios que se desenvolvem de maneira satisfatória, embora às vezes o filme possa parecer um pouco forçado em sua tentativa de surpreender o espectador.

            Em termos de narrativa, o filme faz um trabalho decente em manter a história coesa, apesar de algumas falhas na execução. O clímax do filme é um ponto de discussão interessante, pois entrega um desfecho que tenta amarrar as pontas soltas apresentadas ao longo da trama. No entanto, o impacto do clímax pode ser diminuído pela falta de desenvolvimento anterior dos personagens e pela sensação de que algumas das reviravoltas são mais convenientes do que orgânicas.

            Em resumo, “Multiverso – Realidade Paralela” é um filme que tem seus momentos de brilho, especialmente para os fãs de ficção científica que apreciam uma abordagem mais cerebral ao gênero. Apesar de suas falhas, o filme consegue entreter e provocar reflexões sobre a natureza da realidade e nossa percepção dela. É uma adição valiosa ao crescente corpo de obras que exploram o conceito de multiverso, mesmo que não atinja o mesmo nível de profundidade ou sofisticação de outros títulos no mesmo espaço temático.

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