Twisters (por Peter P. Douglas)

(Em meio ao caos da mãe natureza, seria possível domar um tornado?)

            Twisters (2024), longa-metragem estadunidense de ação desastre, distribuído pela Universal Pictures, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, em 11 de julho de 2024, com classificação indicativa 12 anos e 120 minutos de duração.

            Emerge como uma sequência ambiciosa que tenta capturar a essência de seu predecessor, mas com uma abordagem modernizada e uma consciência aguçada da tecnologia atual. O filme, dirigido por Lee Isaac Chung, apresenta uma narrativa que se desenrola com uma tensão que vai e vem, principalmente após seus primeiros, eletrizantes, 20 minutos. Glen Powell e Daisy Edgar-Jones lideram um elenco talentoso, trazendo uma química convincente que sustenta a história mesmo quando o roteiro peca por momentos de previsibilidade.

            A trama segue Kate Cooper (Daisy Edgar-Jones), uma ex-caçadora de tornados que é atraída de volta ao campo por seu amigo Javi (Anthony Ramos) e um sistema inovador de rastreamento de tempestades. Sua jornada é entrelaçada com a de Tyler Owens (Glen Powell), uma estrela das mídias sociais que busca aventuras perigosas para capturar em vídeo. A dinâmica entre os personagens é um dos pontos altos do filme, oferecendo uma mistura de tensão e camaradagem.

            A fotografia é uma das estrelas do filme, com sequências de tempestades que são visualmente impressionantes. A equipe de efeitos visuais merece elogios por criar tornados que não apenas parecem ameaçadores, mas também incrivelmente reais, elevando o padrão estabelecido há décadas. No entanto, não há como comparar diretamente com o fenômeno da natureza da vida real, principalmente hoje em dia, onde a autenticidade é constantemente questionada pelo público que tem acesso a imagens com um simples clique.

            O roteiro, embora às vezes tropece em clichês, consegue entregar momentos de genuína emoção e suspense. As interações entre os personagens são bem construídas, e há um esforço visível em dar profundidade a cada um deles, evitando que se tornem meros arquétipos. A narrativa também explora temas de trauma, superação e a fina linha entre coragem e imprudência.

            A trilha sonora complementa a intensidade das cenas de ação, mas sabe recuar nos momentos necessários para permitir que o som natural da tempestade e as atuações falem por si. A edição é ágil, mantendo o ritmo acelerado sem sacrificar a clareza da história, o que é essencial em um filme onde o caos é um personagem constante.

            Em termos de atuação, Powell e Edgar-Jones entregam performances consistentes, com esta última, particularmente, destacando-se em sua representação de uma mulher marcada por experiências passadas e lutando contra seus próprios demônios internos. Powell traz um carisma que é essencial para o papel de um aventureiro destemido.

            Twisters consegue ser mais do que um mero filme de desastre, tornando-se uma exploração de personagens complexos em meio a uma crise iminente. Embora não alcance o status icônico do original, se destaca por sua habilidade em equilibrar ação e desenvolvimento de personagem.

            No entanto, apesar dos avanços tecnológicos, o filme luta para superar a sensação de familiaridade e a inevitável comparação com seu antecessor. Isso é um testemunho do impacto duradouro do filme original e do desafio de criar uma sequência que honre seu legado enquanto forja seu próprio caminho.

            Em resumo, “Twisters” é uma adição digna ao gênero de filmes de desastre, oferecendo uma experiência imersiva que é reforçada por atuações fortes e efeitos especiais de ponta. Embora possa não ser revolucionário, ele entrega o que promete: entretenimento. É um filme que, apesar de suas imperfeições, captura a imaginação e provoca uma reflexão sobre a força da natureza e a resiliência humana.

Repostado em https://www.parsageeks.com.br/2024/07/critica-cinema-twisters.html

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