A Flor do Buriti (Crowrã, 2023), longa-metragem dramático Brasil/Portugal, distribuído pela Embaúba Filmes, estreia, oficialmente, nos cinemas, no dia 04 de julho de 2024, com classificação indicativa 12 anos e 124 minutos de duração.
Transcende a mera narrativa fílmica para se tornar um manifesto poderoso sobre a resistência e a resiliência dos povos indígenas do Brasil. Dirigido por João Salaviza e Renée Nader Messora, o documentário é um retrato íntimo e profundo da comunidade Krahô, situada no norte de Tocantins, e sua luta contínua pela sobrevivência e pela preservação de sua cultura ancestral.
A narrativa é construída com sensibilidade, entrelaçando as histórias pessoais dos membros da comunidade com a história coletiva de seu povo. A direção é meticulosa, optando por um ritmo lento e contemplativo que permite ao espectador imergir completamente no mundo dos Krahô. A montagem cria uma tensão real que reflete as ameaças enfrentadas pela comunidade, ao mesmo tempo em que celebra sua força e espírito indomável.
A direção de fotografia é um dos pontos altos do filme, capturando a beleza austera da paisagem do Cerrado com uma paleta de cores que reflete tanto a dureza quanto a esperança. A atuação não deve ser valorada, especialmente porque muitos dos atores não são profissionais e sim membros da própria comunidade Krahô, ao mesmo tempo, esse fato traz uma autenticidade que não pode ser simulada. A presença de Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, não traz benefícios ao enredo.
O filme não se esquiva de abordar os desafios enfrentados pelos Krahô, desde o massacre ocorrido em 1940 até as políticas de governo ao passar das décadas. No entanto, faz isso sem cair no desespero, mantendo um foco na capacidade do povo Krahô de se adaptar e resistir. A reconstituição de eventos históricos é feita com cuidado, respeitando a memória compartilhada e a perspectiva indígena.
Em suma, “A Flor do Buriti” não é um documentário para todo tipo de público. Porém, para aqueles que se aventurarem, ele não apenas conta uma história importante, mas também desafia o espectador a reconhecer e valorizar a riqueza e a complexidade das culturas indígenas. O prêmio no Festival de Cannes 2023, na categoria de melhor elenco da mostra “Um Certo Olhar” é um testemunho do impacto que este filme tem e da conversa crucial que ele incita sobre direitos indígenas.
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