Os Dragões (por Peter P. Douglas)

            Os Dragões (2021), longa-metragem nacional dramático, distribuído pela Lança Filmes, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 22 de maio de 2025, com classificação indicativa 12 anos e 85 minutos de duração.

            O cinema brasileiro tem uma tradição rica em explorar narrativas que misturam o real e o fantástico, e o filme, dirigido por Gustavo Spolidoro, é um exemplo dessa abordagem. Inspirado nos contos de Murilo Rubião, a obra mergulha na adolescência e nas transformações que acompanham essa fase, utilizando elementos do realismo mágico para criar uma experiência cinematográfica.

            A trama acompanha um grupo de cinco amigos que vivem na bucólica cidade de Cotiporã, no interior do Rio Grande do Sul. Aterrorizados pela iminente chegada da vida adulta e suas responsabilidades, eles se envolvem profundamente na produção de uma peça de teatro baseada nos contos de Murilo Rubião.

            No entanto, à medida que interpretam as histórias, algo estranho acontece: os elementos fantásticos começam a se manifestar na realidade. Os jovens passam por transformações físicas inesperadas — chifres, escamas e até a capacidade de expelir fogo — e percebem que estão se tornando dragões.

            Diante da comunidade conservadora em que vivem, os adolescentes precisam decidir se aceitam suas novas identidades ou se tentam se encaixar nos valores tradicionais da cidade. O filme explora temas como medo da mudança, aceitação e identidade, criando uma metáfora poderosa para os desafios da juventude.

            O elenco é composto por jovens talentos como Lóren Maite que interpreta Dani; Paulo Reginatto como Jacó; Juliana Zardo como Zéqui; Larissa Tres como Isa e Raphael Scarton como Mike. Além deles, Marcos Breda interpreta o Mestre de Cerimônias do Gran Circo Rubião, trazendo um toque teatral à narrativa. E falando em toque teatral, os cinco protagonistas fazem parte, fora das telas, da Companhia de Teatro Arte in Cena, de Cotiporã, o que confere ao filme mais autenticidade.

            Gustavo Spolidoro, um dos cineastas gaúchos mais importantes da sua geração, dirige o filme com uma abordagem que equilibra realismo e fantasia. Spolidoro já havia se destacado com “Ainda Orangotangos” (2007), o primeiro longa brasileiro filmado inteiramente em plano-sequência. Aqui, ele se aprofunda no realismo mágico, trazendo uma estética visual que reforça a fusão entre o cotidiano e o sobrenatural.

            O roteiro foi escrito por Gibran Dipp e Spolidoro, adaptando os contos “Os Dragões”, “O Pirotécnico Zacarias”, “A Cidade e Alfredo”, de Murilo Rubião. A narrativa mantém a essência do autor, mas também incorpora elementos próprios do cinema, criando uma experiência visual e emocional diferenciada.

            “Os Dragões” não é um filme que aborda um simples drama adolescente, mas sim traz consigo uma reflexão sobre identidade e aceitação. Excelente opção para quem busca uma experiência cinematográfica nacional que mistura elementos de fantasia com os de realidade.

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