Premonição 6: Laços de Sangue (por Peter P. Douglas)

            Premonição 6: Laços de Sangue (Final Destination 6: Bloodlines, 2025), longa-metragem estadunidense de terror, distribuído pela Warner Bros, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 15 de maio de 2025, com classificação indicativa 18 anos e 110 minutos de duração.

            A franquia “Premonição” teve seu primeiro filme lançado em 2000, e o até então, último, “Premonição 5”, em 2011. A trama seguia um padrão: alguém tinha uma visão do futuro, conseguia escapar da Morte, mas logo um efeito dominó se iniciava, levando personagens a morrerem de formas extremamente brutais. Do ponto de vista narrativo, a série não apresentava grandes novidades ou originalidade, já que o verdadeiro atrativo para o público era a criatividade das mortes chocantes.

            Após 14 anos, “Premonição 6: Laços de Sangue” finalmente chega aos cinemas, dirigido por Zach Lipovsky e Adam Stein, com roteiro de Guy Busick e Lori Evans Taylor. Desta vez, o filme aprofunda a história e traz uma abordagem inédita para a franquia, apresentando uma nova perspectiva ao público. A grande questão levantada é: o que aconteceria se alguém conseguisse salvar todos de uma morte inevitável em um dia fatídico?

            A universitária Stefani (Kaitlyn Santa Juana) é atormentada por pesadelos de uma tragédia terrível, que acredita estar ligada à sua avó, Iris (Brec Bassinger), provavelmente já falecida. Com seu desempenho acadêmico em queda e desesperada por respostas, ela decide retornar à sua cidade natal para desvendar o mistério por trás de suas visões e entender mais sobre Iris. Apesar dos alertas de seu pai e tio, Stefani acaba descobrindo a verdade sobre suas premonições e percebe que a Morte é um inimigo impossível de enganar.

            Como já mencionado, o filme surpreende ao trazer uma mudança inesperada na narrativa. Em vez de apenas revisitar elementos já explorados, o filme se dedica a resolver pendências deixadas por títulos anteriores e a aprofundar personagens já conhecidos, incorporando uma reviravolta intrigante. Essa nova camada de história revitaliza a franquia, embora seja difícil imaginar como essa fórmula poderia ser repetida inúmeras vezes.

            Ainda assim, os cineastas compreendem bem o que o público espera e permanecem fiéis à fórmula consagrada. O filme transmite a falsa sensação de que os personagens podem decifrar os desígnios da Morte e evitá-la com extrema prudência. No entanto, assim como nos filmes anteriores, essa ilusão rapidamente se desfaz, pois quanto mais se tenta enganar a Morte, mais implacável e feroz ela se torna.

            Quando se trata das engenhosas armadilhas da Morte, o filme se afasta das grandes explosões de aviões e dos acidentes espetaculares em parques temáticos dos filmes anteriores. Desta vez, a tensão surge de cenários cotidianos e aparentemente inofensivos, provando que a Morte é como um verdadeiro MacGyver, transformando objetos comuns e rotinas habituais em ferramentas de destruição. Depois de assistir a este filme, churrascos e quartos de hospital nunca mais parecerão os mesmos — e você pode até sentir um arrepio ao ver um caminhão de lixo dobrando a esquina. E se alguém pensou que em 2025 o nível de violência seria suavizado, é melhor repensar.

            No que diz respeito aos personagens, dois se destacam por razões distintas. Richard Harmon dá vida a Erik, um dos primos de Stefani, e traz alguns dos momentos mais leves do filme, aliviando a tensão gerada pela sucessão de mortes e caos. Com sua personalidade excêntrica e atrevida, Erik se torna um verdadeiro ladrão de cenas, já que não hesita em expressar em voz alta aquilo que todos pensam, mas preferem manter para si.

            Já o falecido Tony Todd faz sua última aparição como William Bludworth, e desta vez, a franquia finalmente oferece uma resposta definitiva sobre sua verdadeira identidade e seu papel na história. No entanto, um dos momentos mais marcantes e emocionantes do filme acontece justamente por meio desse enigmático personagem. Em um poderoso monólogo, Bludworth transmite uma despedida que vai além da trama, funcionando como um lembrete da preciosidade da vida — não apenas para ele, mas também para o próprio ator. Considerando os acontecimentos que se seguiram após a última performance de Todd, essa cena ganha um significado ainda mais profundo, servindo como uma despedida memorável para um dos maiores ícones do terror.

            Faz tempo que a franquia esteve ausente de novos capítulos, mas esse intervalo acabou sendo benéfico. “Premonição 6: Laços de Sangue” chega como o impulso necessário para romper com a abordagem previsível dos filmes anteriores. A Morte em Premonição está de volta, e está mais traiçoeira e implacável do que nunca. E já que tocamos no assunto: chega de dirigir ou passar perto de caminhões de toras de madeira, para sempre!

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