
Caiam as Rosas Brancas! (¡Caigan Las Rosas Blancas! AKA White Roses, Fall!, 2025), longa-metragem de drama erótico, coproduzido entre Argentina, Brasil e Espanha, distribuído pela Boulevard Filmes e Vitrine Filmes, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 15 de maio de 2025, com classificação indicativa 18 anos e 123 minutos de duração.
A roteirista e diretora Albertina Carri, nascida em Buenos Aires na Argentina, retorna as telonas com seu mais recente filme. Nesta produção, ela reúne parte do elenco de seu longa anterior, “As Filhas do Fogo” (2018), reforçando a continuidade temática entre as obras. E assim como seu antecessor, trata-se de um road movie centrado em relações lésbicas, com nuances de poliamor.
Frustrada com as limitações de sua criatividade, a diretora amadora de pornografia lésbica, Violeta (Carolina Alamino), conhecida como Viole, deixa Buenos Aires com suas atrizes-amigas-amantes (Rocío Zuviría como Carmen, Mijal Katzowicz como Agustina e Maru Marcet como Rosario). O objetivo é filmar uma nova produção, esperando que a inspiração (e locais para se hospedar) surja durante a viagem. No entanto, o grupo enfrenta vários contratempos que as atrasam, enquanto conhecem outras mulheres lésbicas no caminho – incluindo uma mecânica atraente e sua parceira – que já conhecem o trabalho de Viole e desejam participar. Apesar da abordagem divagante da diretora, ela não se arrisca visualmente, o que torna o filme mais arrastado do que o esperado.
O grupo parece vagar sem um propósito definido, e a própria jornada reflete essa indefinição, levando-nos a questionar o que realmente se ganha com essa experiência. O filme é pontuado por piadas metatextuais recorrentes: os homens quase nunca têm uma presença significativa na tela, enquanto Carri brinca com a clássica ideia da comunidade sáfica de que todas as mulheres da viagem compartilham algum tipo de envolvimento romântico. Viole, por sua vez, revisita repetidamente as imagens do oceano em sua filmadora, como se buscasse nelas um motivo para continuar sua jornada.
O filme sofre uma mudança inesperada de tom em seu último quarto, que se estende por meia hora, consolidando-se como uma obra bem-intencionada, mas excêntrica. Sem um objetivo claro, alterna entre momentos de humor e críticas às estruturas sistêmicas que nos afligem, sem, no entanto, atingir plenamente seu alvo.
Nesta parte mais lenta, Carri intensifica sua abordagem, buscando expor as bases sistêmicas da realidade heteropatriarcal. A narrativa ganha um tom mais sério, conduzida por uma figura vampírica ao estilo Pachamama, que recita chavões sobre colonialidade e eco-humanismo. O resultado é uma estética que remete mais a um vídeo experimental ou uma performance artística, deixando a impressão de que poderia ser um filme completamente distinto.
Em resumo, “Caiam As Rosas Brancas!” tem potencial para cativar apenas um público específico, pois, seu ritmo deliberadamente descontraído e algumas escolhas narrativas pouco convencionais irão limitar seu apelo a um nicho mais restrito, mantendo-o como uma obra de charme cult entre determinados grupos.