Força Bruta: Punição (por Pierre Augusto)

Pierre Augusto

Força Bruta: Punição diverte com ação descompassada e humor certeiro

Nova sequência da franquia coreana entrega diversão, mas tropeça no excesso

Longas unicamente de comédia se encontram cada vez mais em extinção, podendo aparecer um ou outro esporadicamente. Mas eles não estão morrendo, só se adaptando, se unindo com os já conhecidos gêneros de ação. Assim introduzo “Força Bruta: Punição”, dirigido por Heo Myeong Haeng (Em Ruínas), que, ao tentar desferir fortes golpes no gênero de ação, acerta só o humor.

O detetive Ma Seok-do (Ma Dong-seok/Don Lee, de Train to Busan) começa a investigar a misteriosa morte de um programador de aplicativos. Nesse percurso, ele descobre, junto com seu esquadrão, um grande monopólio de jogos de azar, controlado por um homem poderoso e violento.

Força Bruta: Punição é o quarto filme de uma franquia de investigação, ação e humor que vem consagrando seu protagonista, e não pelas cenas de luta, que, é claro, são muito bem coreografadas pelo ator — mas pelo seu timing cômico. Não é novidade que Lee é uma pessoa grande e aparentemente sisuda, mas essa aura é o que dá o tom certo ao humor, ao ser quebrada por suas piadinhas inconscientes, nos pegando tão de surpresa quanto seus socos.

Começo pelo humor do longa pelo simples motivo de que toda piada deve ter uma cadência, um ritmo para que funcione e arranque boas risadas do público. O mesmo ponto se aplica às cenas de ação: para que tenham impacto, elas devem ter cadência e tempo, para que o espectador sinta a tensão e a urgência. Mas, cedendo ao ritmo acelerado da geração TikTok, o diretor Heo Myeong Haeng optou por colocar o máximo de cenas de ação possíveis, o que, depois de certo ponto do filme, não só fica cansativo como aleatório dentro da trama.

Algumas dessas cenas acontecem em menos de dez minutos de uma luta para outra e, sem nada inventivo na coreografia, o que acaba sendo apenas mais do que já vimos durante todo o filme.

O vilão Baek (Kim Mu-yeol, de A Candidata Honesta) não tem lá os diálogos ou a personalidade mais memorável, mas sua frieza rende alguns momentos marcantes, especialmente em um plano-sequência onde uma frenética luta de faca realmente impressiona pela coreografia e pelas habilidades tanto do ator quanto do vilão psicopata.

Um forte sobrevivente desde o primeiro longa da franquia é Jang (Park Ji-hwan, de Os Desajustados de Seul), que mais do que nunca teve seu merecido holofote. Em Punição, Park rouba a cena desde o primeiro momento, entregando o personagem caricato que vimos nas outras produções e sendo escada para as melhores piadas. Tanto suas caras e bocas quanto a indignação nas enrascadas em que se mete fazem a gente querer mais e mais tempo de tela desse pilantra.

A trama envolvendo jogos de azar não passa pano para os jogos, mas tampouco se aprofunda. Por mais que seja atual, aqui o tema vai apenas até o monopólio dessas empresas, não chega a enquadrar a manipulação tóxica ao público, nem os bastidores que colaboram com o vício.

Além de que chega a ser mágico como a equipe de jovens selecionados para o esquadrão de Lee rapidamente consegue avançar com a investigação, não dando a devida construção ou sensação de conquista ao acompanhar uma árdua jornada de investigação.

Apesar de não ser o filme de ação do ano, Força Bruta: Punição diverte por suas piadas e impressiona em algumas coreografias de luta. Mas a pressa de nos entregar lutas a todo momento atrapalha o desenvolvimento que os demais núcleos de investigação poderiam ter e tira a força do seu já consagrado brucutu Don Lee.

Estreia nos cinemas brasileiros em 10 de abril.

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