Novocaine – À Prova de Dor (por Peter P. Douglas)

Novocaine – À Prova De Dor (2025), longa-metragem estadunidense de comédia e ação, distribuído pela Paramount Pictures, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 27 de março de 2025, com classificação indicativa 18 anos e 110 minutos de duração.

Imagine se John Wick não fosse um assassino habilidoso, mas ainda assim incapaz de sentir dor. Basicamente, ele seria Nathan Caine, interpretado por Jack Quaid, nosso carismático protagonista. Essa comédia de ação cheia de adrenalina e determinação chega aos cinemas esta semana, deixando um rastro de emoção e violência em seu caminho.

Nate possui um distúrbio genético raro que, durante o ensino fundamental, fez com que seus colegas de classe achassem aceitável agredi-lo regularmente. Essa situação dificultou para ele formar amizades, restando apenas Roscoe (Jacob Batalon), um amigo gamer que ele nunca conheceu pessoalmente, mas que, assim como Nate, vive em San Diego.

A rotina do gerente assistente de banco Nate parece mudar para melhor quando sua colega de trabalho, Sherry (Amber Midthunder), acidentalmente derrama café quente nele e se oferece para compensá-lo com um almoço. Ainda assim, é compreensível que ela fique desconfiada quando Nate insiste que está completamente bem enquanto aplica um pouco de loção na área atingida.

Durante o almoço, após recusar timidamente uma mordida na torta de cereja e se concentrar em um milkshake, Nate revela a Sherry sua condição, explicando que evita alimentos sólidos por medo de não perceber caso morda a própria língua. Ainda assim, ela o incentiva a experimentar, garantindo que estará ao seu lado se algo der errado.

Ao experimentar a torta pela primeira vez, Nate sente sua percepção ser completamente transformada. Sua sorte continua a melhorar quando Sherry o convida para uma exposição de arte, onde exibirá suas pinturas para venda — uma habilidade que vai além de seu trabalho no banco. A noite se estende, e eles a aproveitam juntos, criando um vínculo ainda mais especial.

Na manhã seguinte, véspera de Natal, Nate está radiante — até que três Papais Noéis armados invadem o banco e exigem acesso ao cofre. Quando ameaçam ferir Sherry, Nate se vê obrigado a revelar o código.

Os Papais Noéis criminosos fazem de Sherry uma refém, usando-a como escudo humano para escapar dos policiais que cercam o local. Determinado a salvar a mulher que considera especial, Nate decide agir por conta própria, pegando uma arma e o carro de um policial ferido, que tenta, sem sucesso, dissuadi-lo de tomar essas atitudes. Nate embarca em uma jornada que, embora não traga dor, resulta em inúmeros ferimentos, enquanto segue determinado em um caminho que espera o conduzir até Sherry.

Com roteiro de Lars Jacobson e direção da dupla Dan Berk e Robert Olsen, o filme acerta no tom, sendo divertido sem cair no exagero. Vale mencionar que a condição de Nate — insensibilidade congênita à dor com analgesia (CIPA) — é um distúrbio raro, mas real.

Nate frequentemente aparenta ser quase indestrutível — como ocorre em muitos filmes de ação, a possibilidade de uma concussão simplesmente não existe, e o protagonista enfrenta golpe após golpe na cabeça sem grandes consequências. No entanto, ele precisa lidar com uma bala que deve ser retirada após ser atingido e se mostra adequadamente alarmado quando um vilão ameaça fazer algo indescritível com seus olhos.

Enquanto Jack Quaid é filho dos renomados atores Meg Ryan e Dennis Quaid, o vilão principal Simon, interpretado por Ray Nicholson, também carrega um legado familiar significativo como filho de Jack Nicholson. O jovem Nicholson demonstra traços da eletricidade de seu lendário pai na tela, deixando claro que grandes oportunidades em sua carreira podem estar próximas.

Um elemento crucial para o sucesso do filme é a atuação de Amber Midthunder, conhecida por seu papel de destaque em “O Predador: A Caçada” (2022). Interpretando Sherry, ela demonstra química com Nate e revela facetas distintas da personagem à medida que a trama se desenvolve. Por último, temos Jacob Batalon (Homem-Aranha: De Volta ao Lar, 2017), que garante boas risadas ao interpretar Roscoe, especialmente quando Nate o envolve na confusão.

No fim das contas, o longa conquista o público com sua combinação de violência e personalidade. É uma experiência divertida acompanhar Nate, que, entre surra após surra, mantém seu peculiar hábito de ativar um alarme a cada três horas para lembrar de usar o banheiro e evitar danos à bexiga, seguindo em frente sem perder o ritmo.

Em resumo, “Novocaine – À Prova de Dor”, tem o mérito de encerrar sua história antes que a ideia se desgaste, entregando uma conclusão que acerta em cheio. Embora não alcance todo o seu potencial, é uma experiência leve e sem complicações.