Sex (por Peter P. Douglas)

            Sex (2024), longa-metragem norueguês de comédia dramática, distribuído pela Imovision, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 03 de abril de 2025, com classificação indicativa 14 anos e 118 minutos de duração, dirigido e roteirizado por Dag Johan Haugerud.

            Confissão pode ser boa para a alma, mas traz consequências em “Sex”, o primeiro filme de uma trilogia planejada – com Love (a seguir) e Dreams (para finalizar) – oferece uma reflexão instigante sobre identidade, sexualidade e liberdade, desencadeada por uma simples conversa entre dois colegas homens.

            O filme, um pouco longo demais e movido a diálogos, tem humor seco e ideias intrigantes o suficiente para satisfazer o público que aprecia cinema de arte.

            O sexo rapidamente estabelece a rotina de vida dos personagens centrais. Testemunhamos limpadores de chaminés observando protocolos de segurança enquanto trabalham nos telhados de Oslo. Colegas de trabalho mergulham em uma piscina como parte de seu relaxamento regular. Não há nada de excepcional aqui.

            Então vemos um limpador de chaminés sem nome (Thorbjorn Harr) emoldurado contra uma vasta janela de vidro. A câmera permanece fixa nele no que parece ser uma sessão de terapia, enquanto gradualmente relata um sonho vívido no qual David Bowie o olhou como se ele fosse uma mulher. A ideia de ser mulher e um objeto de desejo é incomum e desconcertante, mas não desagradável.

            A câmera move-se lentamente e revela que ele está em uma cantina no trabalho. Seu colega não identificado (Jan Gunnar Roise) responde compartilhando sua própria experiência recente. Em um tom prático, revela que, no dia anterior, um cliente do sexo masculino o convidou, casualmente, para terem relações sexuais. Inicialmente rejeitando os avanços do cliente, ele deixou o prédio, mas acabou retornando e aceitando a oferta. Foi sua primeira experiência sexual com um homem, o que o deixou com sentimentos sobre ser um objeto de desejo e, ao mesmo tempo, explorar algo fora de sua rotina cotidiana.

            O foco fica com o personagem de Roise, que parece pensar pouco sobre o que aconteceu. Afinal, foi apenas sexo! Com o interesse de ser completamente honesto, ele também conta à esposa (Siri Forberg). Pode parecer que não foi grande coisa para ele, mas abre uma comporta de perguntas para ela. Ele não considera isso uma traição? Ele é gay agora? Ele está infeliz no casamento? Onde isso os deixa? O que começa como apenas dois caras conversando no trabalho floresce para uma crise existencial. Ambos são de meia-idade, heterossexuais, casados ​​e com filhos, contudo, há muito mais neles do que já haviam considerado?

            A diretora de fotografia Cecilie Semec captura vistas leves e arejadas de uma Oslo verdejante, o que fornece um pano de fundo calmo para a turbulência emocional. Também é uma cidade cheia de canteiros de obras, onde os edifícios são destruídos e reconstruídos, talvez na intenção de espelhar as vidas dos dois homens.

            O personagem de Harr começa a sentir sintomas físicos causados ​​por seus sonhos. Sua esposa (Birgitte Larsen) é mais compreensiva e seu filho adolescente Klaus (Theo Dahl) oferece apoio, evitando instintivamente qualquer estereótipo sobre o que significa ser um homem. O personagem de Roise percebe que seu casamento está se desintegrando, mas talvez de uma forma que permita que o mesmo dure de uma maneira diferente.

            O diretor confia plenamente na força de seu roteiro, e com razão. Ele permite que os personagens se expressem, revelando as dúvidas e medos que os definem. Isso cria um ritmo um pouco estático no filme, mas há desvios inesperados no caminho, e os diálogos são tão irônicos e envolventes que conseguem prender a atenção do público. Além disso, o desempenho do elenco é sutil e bem executado. No fim, “Sex” é uma exploração convincente de homens comuns tentando descobrir quem têm permissão para ser, como estão evoluindo e do que suas vidas realmente se tratam.

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