
O Intruso (The Visitor, 2024), longa-metragem de drama erótico da Grã-Bretanha, distribuído pela Imovision, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 20 de fevereiro de 2025, com classificação indicativa 18 anos e 101 minutos de duração.
Dirigido por Bruce LaBruce, é uma ousada e irreverente releitura de “Teorema” (1968), de Pier Paolo Pasolini, que transforma o subtexto do original em um texto escandalosamente direto. O filme mistura pornografia artística com crítica social, resultando em uma obra que desafia normas estéticas e explora temas como xenofobia, desigualdade de classes e repressão.
LaBruce mantém sua ousadia característica ao narrar a chegada de um visitante negro misterioso (Bishop Black) à casa de uma família de classe alta em Londres, uma metáfora direta contra as estruturas de poder e os preconceitos britânicos.
O visitante é apresentado aos ocupantes da casa, que consistem na mãe materialista (Amy Kingsmill), o pai sério (Macklin Kowal), a filha obcecada por mídia social (Ray Filar) e o descontente DJ Son (Kurtis Lincoln). O visitante torna-se um intruso no microcosmo da família, que se deixam seduzir sem imaginarem que não haverá ponto de retorno.
A atuação magnética de Black como o sedutor “lutador pela liberdade pansexual” é um dos pontos altos do filme, equilibrando carnalidade e carisma. A trilha sonora eletrônica de Hannah Holland também merece destaque, aumentando a intensidade e a vibração punk da narrativa.
O filme ousa por suas escolhas provocadoras, como cenas de sexo não simuladas e jantares grotescos que homenageiam “Salò”, outro marco subversivo de Pasolini. Além disso, as performances do elenco, que adota um tom caricato e exagerado, estão perfeitamente em sintonia com o estilo estético da direção.
Embora a abordagem seja radical, nem todas as provocações de LaBruce funcionam de forma orgânica dentro da narrativa. O tom satírico pode ser desconcertante para alguns espectadores, e o foco no choque às vezes ofusca a profundidade emocional dos personagens. Além disso, o filme exige um público disposto a embarcar em sua proposta extrema, o que pode limitar seu apelo.
Em Resumo, “O Intruso”, é uma declaração anárquica contra as convenções sociais, evocando tanto desconforto quanto reflexão. Apesar de sua natureza divisiva e momentos de exagero, ele consegue sustentar sua crítica ao capitalismo e à repressão. É uma obra para ser apreciada por aqueles que buscam o cinema como espaço para transgressão e questionamento, e não apenas como entretenimento.