Mickey 17 (por Kell C. Pedro)

            Mickey 17 (2024), longa-metragem estadunidense de ficção-científica, distribuído pela Warner Bros, estreia, oficialmente, nos cinemas brasileiros, a partir do dia 06 de março de 2025, com classificação indicativa 16 anos e 137 minutos de duração.

            O filme dirigido por Bong Joon-Ho (Parasita, 2019), é baseado no romance de ficção-científica, publicado em 2022, “Mickey 7”, do escritor Edward Ashton.

            Num futuro distante (2054), Mickey Barnes (Robert Pattinson), atolado em dívidas com agiotas, aceita um trabalho que ninguém mais ousaria pegar: tornar-se um “dispensável” em Niflheim, uma colônia de gelo fora da terra. Lá, ele é encarregado de realizar missões extremamente perigosas, com a expectativa de que não sobreviva. Cada vez que Mickey perde a vida, uma nova cópia sua é “impressa”. No entanto, quando sua décima sétima versão, Mickey 17, surpreendentemente sobrevive a uma dessas missões, ele descobre que uma nova cópia, Mickey 18, já foi criada. Isso gera um grande problema, pois, nessa sociedade, múltiplas versões de uma mesma pessoa são estritamente proibidas e devem ser apagadas por completo.

            É importante reconhecer o mérito da Warner Bros por dar sinal verde para “Mickey 17”. Este é, sem dúvida, o filme mais grandioso da carreira do diretor Bong Joon-Ho, uma ousada e original obra de ficção científica, como raramente vemos nos cinemas. Mesmo que não funcione plenamente, isso quase não importa, pois, produções desse tipo são extremamente raras. O simples fato de o filme ter sido realizado já é um pequeno milagre. No entanto, também é inegável que essa produção peculiar e irregular parece mais inclinada a alcançar o status de cult do que a conquistar um sucesso amplo e comercial.

            Bong Joon Ho, apesar de seu talento inegável, apresenta um histórico mais irregular em filmes de língua inglesa quando comparado ao sucesso de suas obras coreanas mais renomadas. Enquanto “Expresso do Amanhã” (2013) é uma verdadeira jóia, “Okja” (2017), ao menos na minha percepção, foi um tanto caótico, incluindo uma das atuações mais exageradas e caricatas que já presenciei, cortesia de Jake Gyllenhaal. O trabalho de Bong raramente é sutil, e “Mickey 17” é repleto de interpretações extravagantes que, em certos momentos, parecem ser mais divertidas para o ator que as faz do que para o público que as assiste.

            Isso é particularmente evidente no caso de Mark Ruffalo, cujo personagem, Kenneth Marshall, é retratado como uma versão espacial de Donald Trump. Embora a Warner Bros insista que nenhum político atual serviu de inspiração, essa afirmação soa absurda, já que Ruffalo imita claramente o estilo de fala de Trump, enquanto seus seguidores exibem chapéus vermelhos. A escolha de apresentá-lo como um déspota espacial genocida certamente provocará reações, mas é inegável que a decisão de torná-lo um paralelo tão evidente de Trump foi intencional. Sua performance é irritante, da mesma forma que a de Gyllenhaal foi em “Okja, pois nunca senti que estava assistindo a algo mais do que uma caricatura.

            Toni Collette se sai um pouco melhor como a esposa insana, que alegremente coleta as caudas de bebês alienígenas encontrados na colônia extraterrestre para criar “o molho perfeito”.

            Apesar de algumas atuações serem irritantes, Robert Pattinson brilha ao interpretar as diferentes versões de Mickey Barnes. Com uma voz que lembra a de Steve Buscemi, ele entrega uma performance semi-cômica clássica, evocando o estilo de comediantes lendários como Buster Keaton e Stan Laurel. Seu Mickey 17 pode não ser muito inteligente, mas tem um coração generoso, que contrasta perfeitamente com o mais ousado e, talvez, até psicopata Mickey 18. Este último, com níveis de agressividade elevados, acaba aprendendo um pouco de humanidade ao longo do filme.

            A atuação de Robert Pattinson é o grande alicerce que faz “Mickey 17” funcionar, mesmo que, em termos narrativos, o filme seja um tanto caótico. Bong Joon Ho parece ter dedicado bastante tempo na sala de edição, resultando em um corte que, apesar da longa duração de 137 minutos, parece enxuto ao extremo. Personagens como Timo, o piloto traiçoeiro interpretado por Steven Yeun, aparecem e desaparecem sem deixar grande impacto. Já Nasha, a agente de segurança interpretada por Naomi Ackie e interesse amoroso de Mickey, apresenta mudanças de personalidade abruptas: em alguns momentos, soa quase insana, enquanto em outros exibe altruísmo e heroísmo.

            Apesar disso, Ackie consegue dar vida à personagem com sua habilidade de atuação. Ainda assim, fica a sensação de que, em algum lugar, existe uma versão alternativa do filme em que a construção de sua personagem é mais consistente.

            Visualmente, o filme é deslumbrante, com a cinematografia de Darius Khondji ainda mais impressionante se você assistir em uma tela IMAX.

            Em resumo, “Mickey 17” é uma montanha-russa de qualidade. É um dos raros filmes recentes em que me peguei alternando entre considerá-lo um desastre absoluto e uma obra-prima, frequentemente dentro da mesma cena, dependendo de quem estava em destaque. Certos elementos são irritantes, enquanto outros são simplesmente brilhantes. Embora o filme não funcione inteiramente como um todo, a verdade é que fico contente que ele exista.

Este texto foi elaborado com o auxílio de uma inteligência artificial para garantir maior precisão e clareza na comunicação (IA).

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