Resenha | As Aventuras de Miss Boite e Outras Histórias a Vapor de Nikelen Witter

Coletânea steampunk composta por seis contos, todos escritos pela autora Nikelen Witter, porém, os quatro primeiros têm Miss Boite como protagonista, e os dois últimos, “Pena e o Imperador” e “Mary G.”, não são estrelados por Miss Boite.

O primeiro conto se chama “A Pedra ou uma Missão para Miss Boite”. Nele, Ana Joaquina contrata Miss Boite para encontrar uma pedra valiosa, mas nossa protagonista sabe que há mais por trás disso. A investigação a leva a uma trama complexa. Neste conto, o leitor é apresentado a Miss Boite, uma personagem de gênero ambíguo. A autora utiliza a descrição de suas roupas extravagantes e a confusão que isso causa em outros personagens para construir a identidade misteriosa de Miss Boite, sem definir seu gênero explicitamente.

No segundo conto, “Não Confie em Ninguém Quando a Revolução Vier”, Miss Boite procura o presidente de um país latino-americano não especificado para alertá-lo sobre um grupo revolucionário que possui uma arma capaz de roubar almas e que planeja derrubá-lo. O presidente demonstra grande interesse no artefato. O conto se destaca pela atmosfera política intrigante, onde a identidade e posição política do presidente permanecem um mistério, conferindo um tom realista à trama, mesmo ambientada em um universo steampunk que, apesar de ficcional, dialoga com questões atuais. Mesmo em um contexto político evidente, Miss Boite se destaca por sua neutralidade e foco na justiça, demonstrando que sua bússola moral se mantém firme em meio ao caos.

O terceiro conto, “O Assassinato da Rainha Vitória, insere personagens reais na trama, sugerindo que as histórias se passam em um mundo não imaginário, embora com nuances diferentes do nosso. A trama acompanha a preocupação dos ingleses e indianos com a relação da Rainha Vitória com seu criado muçulmano. Miss Boite, por sua vez, realiza um trabalho complexo fora de sua área habitual.

O quarto conto, “Vingança”, leva Miss Boite de volta a suas raízes, à fazenda de seu pai, onde reencontra pessoas de sua juventude. Essa imersão no passado permite ao leitor obter mais informações sobre a personagem, até então envolta totalmente em mistério.

Os dois últimos contos da coletânea, embora não protagonizados por Miss Boite, mantêm a essência da obra. A conexão com os demais contos se dá pela autoria e pela semelhança temática.

Em Pena e o Imperador, é narrado o encontro entre o cientista Pena e Dom Pedro, que, confrontado com a iminência da morte e a preocupação com o futuro do Brasil, busca respostas para prolongar a vida. Pena sugere explorar soluções científicas e médicas, mas Dom Pedro questiona a existência da alma. A narrativa é sensível e envolvente.

Já em Mary G., somos apresentados a Mary Shelley, a renomada autora de “Frankenstein”, em seus últimos anos de vida, atormentada por doenças e pela constante visão da criatura que criou. A narrativa explora a interessante inversão de papéis, colocando Shelley na mesma posição de Victor Frankenstein, explorando a relação entre autor e obra.

CONCLUSÃO: O livro “As Aventuras de Miss Boite e Outras Histórias a Vapor” da escritora brasileira Nikelen Witter é uma coletânia que oferece uma leitura envolvente e prazerosa, com contos que, apesar de extensos, prendem a atenção do leitor. Miss Boite, personagem central, é cativante e suas aventuras são instigantes. A coletânea apresenta tramas diversas e bem construídas, protagonizadas por personagens estimulantes.

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