Nove e Meia Semanas de Amor (9 1⁄2 Weeks, 1985), longa-metragem americano do gênero romance dramático, distribuído pela A2 Filmes, retorna, oficialmente, aos cinemas brasileiros, no dia 06 de junho de 2024, com classificação indicativa 18 anos e 113 minutos de duração.
Lançado em 1986, é um filme que se destaca por sua abordagem audaciosa e provocativa da sexualidade e do relacionamento íntimo entre seus protagonistas. Dirigido por Adrian Lyne, o filme explora a intensa relação entre Elizabeth, interpretada por Kim Basinger, e John, vivido por Mickey Rourke, através de uma narrativa que desafia as convenções sociais da época. A trama se desenrola em Nova York, onde Elizabeth, uma mulher que trabalha em uma galeria de arte, encontra-se com John, um homem enigmático e rico, dando início a um romance carregado de erotismo e jogos de poder.
As colorações do filme são marcantes, refletindo o tom sensual e às vezes sombrio da história. A trilha sonora, que inclui canções como “You Can Leave Your Hat On” de Joe Cocker e “Slave To Love” de Brian Ferry, tornou-se icônica, ampliando a atmosfera envolvente do filme. A performance de Basinger é particularmente excepcional, transmitindo uma mistura de vulnerabilidade e curiosidade que captura a complexidade de sua personagem, enquanto Rourke entrega uma atuação que é ao mesmo tempo carismática e perturbadora, evidenciando a natureza manipuladora de John.
O filme foi recebido com opiniões divididas na época de seu lançamento. Alguns críticos elogiaram sua ousadia e a maneira como desafiava os limites do que poderia ser mostrado em um romance no cinema mainstream. Outros, no entanto, criticaram-no por sua representação de uma relação que, aos olhos de muitos, poderia ser vista como abusiva e degradante. A dinâmica de poder entre os personagens é um ponto central da narrativa, com John frequentemente assumindo uma posição dominante sobre Elizabeth, algo que é expresso tanto nas interações cotidianas quanto nos jogos sexuais que eles praticam.
A relação entre Elizabeth e John é complexa e multifacetada. Enquanto Elizabeth busca entender e explorar seus próprios desejos, John parece mais interessado em controlar e dirigir a relação de acordo com suas próprias regras. Isso cria uma tensão constante e uma sensação de imprevisibilidade no desenvolvimento do relacionamento deles. O filme não se esquiva de mostrar as consequências emocionais desses jogos de poder, com Elizabeth cada vez mais confusa e conflituosa em relação aos seus sentimentos por John.
O roteiro, baseado no livro “Nine and a Half Weeks: A Memoir of a Love Affair”, escrito em 1978, por Elizabeth McNeill, é um estudo fascinante sobre a natureza do desejo e as formas como ele pode ser expresso e manipulado. O filme também levanta questões sobre a autonomia e o consentimento dentro de relacionamentos íntimos, temas que continuam relevantes e provocativos até hoje. A direção de Lyne é habilidosa, criando cenas que são ao mesmo tempo esteticamente belas e emocionalmente carregadas.
Em retrospecto, “Nove e Meia Semanas de Amor” pode ser visto tanto como um produto de seu tempo quanto como um precursor de filmes que explorariam temas semelhantes de maneiras mais explícitas nas décadas seguintes. O longa permanece um ponto de referência cultural, não apenas por suas cenas memoráveis e sua trilha sonora, mas também pelo debate que incitou sobre a representação de relações íntimas no cinema. Embora possa não ser universalmente amado, seu impacto na cultura pop e na discussão sobre sexualidade e poder é inegável. Ainda hoje é um filme que desafia, provoca e convida à reflexão, mantendo-se como uma peça intrigante do cinema, inclusive erótico.
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